quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Sétimo

Lembro-me ainda daquela madrugada de Novembro em que o conheci. Estava meio bêbado, meio alterado, tinha andado pelos bares da cidade a procura daquilo que pensave que queria e cheguei a casa não satisfeito com a noite e fui para a net. Foi aí que o encontrei ou melhor, onde ele me encontrou a mim. Quase sem hesitação com promessas de satisfação garantida parti para mais uma sessão de sexo como quase sempre se envolvia os meus relacionamentos. Pela viagem imaginei como seria a casa, em que ambiente estaria a entrar. Toquei à porta e fui recepcionado por um homem que me despertou os sentidos e não foi só pelo facto de ter ido abrir a porta nú. Falamos e fizemos umas coisas pelo meio que não convém descrever aqui pela sua natureza sensivel e depois fomos para o quarto onde de imediato me disse para me despir. Acedi e deitei-me ao seu lado. Alterado e levado pela corrente fui divagando pelas sensações aproveitando todos os segundos do tempo que ali passava pensando ser uma oportunidade única. Adormecemos lado a lado, agarrados, e acordamos ja quase a meio da tarde. E saí... Pensei que nunca mais o veria, que nunca mais ouviria falar dele, até que na segunda feira a seguir, já perto do final do expediente, galantemente vestido com um fato que lhe assentava como se feito a medida para ele, se dirige a mim e muito solenemente me diz "Só foi para dizer olá!". Fiquei supreendido, extasiado! Os meus olhos abriram-se e brilharam e num instante despachei o cliente e fui para o escritório fumar um cigarro e mandar uma mensagem ao louco do homem por quem naquele momento me tinha apaixonado. Mas ele já tinha mandado uma mensagem a convidar-me para casa dele. Só lhe perguntei o que tinha sido aquilo. Apenas disse que se tinha lembrado de mim e já que morava perto não viu porque não deveria me cumprimentar. Fiquei louco! Mal as oito horas da noite tocaram e a porta daquela loja fechou corri porta fora e corri para os braços dele. Deixei cair as minhas defesas e mais tarde arrependi-me. No fim-de-semana a seguir a primeira mentira, o primeiro pedido de desculpa insistentemente pedido por ele afirmando não me querer perder. Mais uma vez perdido de desejo e estupidez, cego de paixão perdoei. Foi a última vez que o vi frente a frente. Obcecado, sem compreender, procurei saber tudo sobre ele, entrando num mundo em que o jogo de relações era perigoso e onde o rancor, a raiva e a tristeza da nostalgia daqueles momentos me fizeram perder e desejar mais que nunca tê-lo ao meu lado. Perdido e confundido nas minhas emoções, certo de que algo de errado se passava não pensei em mim. A pessoa mais egoísta do planeta que eu conheço, e esqueci-me de pensar em mim. Pensei nele. Só nele! Durante dias, semanas e meses a fio o meu pensamento só conhecei a porta de casa dele divagando sobre o porquê do que me tinha feito. Até hoje ainda não entendi apesar de todas as explicações infundadas e incoerentes que me dava nas raras ocasiões em que as minhas mensagens inundavam o seu telemóvel. Prendi-me dentro de mim, socorri-me no meu egoismo e afastei me de todos que me amavam, isolando o meu medo e abraçando a solidão. Já estou perdido! Tudo o que vi marcou-me como um meteorito na face da Lua. A minha alma imortal eternamente ferida! Mas recuperei... Algumas feridas foram cicatrizando. Deixaram marcas e levantaram muros contra os quais todos batem e todos implodem. O prazer fisico e o sofrimento emocional tornaram-se os únicos a penetrar num coração que não responde e bate por função, não por vontade! Tudo porque um dia há já quase um ano atrás o meu coração deixou entrar um estranho que saiu assim que a insegurança que tinha não lhe permitiu exteriorizar o que sentia. Ainda o sinto! E,às vezes, parece que o irei sentir para toda a eternidade...

1 comentário:

Anónimo disse...

Essas feridas sao sempre curadas, por si só ou com ajuda de alguem, basta ter calma e seguir em frente.
Desculpa a intromissao, simplesmente li o que tinha escrito e senti o impulso de comentar.