domingo, 15 de junho de 2008

12 Eu

Estou sentado ao computador a pensar no que escrever. É estranho dar te uma vontade de escrever e não saber o que escrever. Então começo a escrever e vou escrevendo até que as ideias fluam por si só. Olho à minha volta e penso que nunca ninguem irá ler este pequeno texto e que ninguém percebe quem sou. Não tenho motivos para sentir a infelicidade que sinto. Tenho uma familia que tenho a certeza daria a vida por mim, irmãos que adoro e não tenho segredos para eles. Sabem melhor que ninguém quem sou, sabem ler a minha alma e sabem quando não estou realmente bem. Sinto o coração a pulsar e a querer saltar fora do peito quando me imagino sem eles (que tal dia esteja muito, MUITO longe). Sei também que o que idealizo para mim como amor ou paixão não existe. São puros idealismos de crinaça que ainda sonha com principes encantados e amores que são para lá de eternos. Infinitos. Almas que se encontram no espaço e no tempo e que se vão encontrando para lá de qualquer lógica. A minha alma está vazia. Os meus olhos, que acredito que são realmente o espelho dela, estão vazios e sem sentimento. Penso nos amigos que fui tendo e nos momentos de solidão que agora tenho que parecem ser prolongados como o próprio ar do planeta que inspiro para sobreviver e como é que realmente cá cheguei. Como é que cheguei ao ponto onde estou? Que decisões tomei de tão profundamente marcantes que mudam a minha vida do dia para a noite? Penso nos amigos que fui reencontrando e na estranheza que sinto ao vê-los. Alguns que me conhecem desde pequeno e cujas minhas falhas para eles não foram esquecidas.

O que mais me aflige acima de tudo, e que por vezes penso se realmente merece tanta atenção, será o amor que não sinto. Aquele fogo intenso que fui perdendo e que penso só encontrar na cara da minha coroa. Tudos os dias penso se será este dia novo em que entro a dormir o dia em que acordo para a felicidade. Se será o dia em que tamanha angústia que sinto no peito que aperta sempre que dois apaixonados se olham e a intensidade do que sentem espalha-se pelo ar e me incomoda de inveja que tenho. Inveja. Sim. Confesso. Inveja. Negra. Que me tolda o pensamento e me deixa de rastos. Que me faz transportar a raiva que sinto do mundo que me abandonou por não me querer fazer feliz. E penso no que estou aqui a fazer. Filhos não vou ter. Não me parece que vá fazer nada de cientificamente importante que o mundo mude perante tal ideia engenhosa. Sempre adoptei o CARPE DIEM como máxima. Fazer algo, não interessa o quê mas fazer. Mas agora tudo o que vou fazendo, navegando pelas ondas do tempo, parece insignificante perante as acções de outros que me rodeiam. Já devia estar mais preparado mentalmente para saber discernir entre o que me devia dizer algo e as balelas ditas pelos outros. Mas a verdade é que o puto de 14 anos que era insultado dia sim dia sim pelos colegas de escola, que escreviam músicas de escárnio para me troçar e me atiravam pedras por ser quem era, ainda continua bem vivo de mim. Sinto o FALHANÇO, a NULIDADE, a INUTILIDADE. De que vale a inteligência se não a uso? A capacidade de arrondamento se vejo todas as vírgulas? Mas para quê que nasci? Qual é o meu objectivo? Com que intuito fui criado e que falta assim tão grande faria se não tivesse cá? E depois penso... Estás cá! Covardemente nem para não estares tens a espinha de realizar. Vou me destruindo aos poucos pelas festas e mutilações, dias sem dormir, excesso de calorias. É uma forma de me ir continuamente anulando. E depois penso novamente para que escrevo tudo isto se ninguém realmente lê? Para quê? Auto-comiseração? Fazer com que tenham pena? Pura idiotice? Tudo razões válidas. Mas acho que o motivo é que um dia alguém leia, me entenda e possa dizer que EU valho a pena! Que EU estou por um motivo. E que me leve em seu cavalo branco rumo ao por do sol. São fantasias eu sei, mas se não as tiver o que me resta? EU?????????????????


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